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O vocalista da banda Iron Maiden, Bruce Dickinson, abriu os magistrais da Campus Party (28/01/14).
Dickinson, que também é piloto de avião, dono da Cardiff Aviation, empresa de manutenção de aeronaves, e empreendedor na escola de formação Real World Aviation, deu dicas sobre empreendedorismo para os campuseiros e também contou algumas de suas experiências pessoais.
O Canaltech esteve presente na palestra e separou algumas das dicas que Bruce deu. Confira:
Com auxílio do telão, Bruce mostrou uma foto de um show do Iron Maiden e disse que as pessoas que o assistiam não eram só seus fãs, mas também consumidores.
Segundo o empresário, isso pode ser ruim se você não souber administrar seu negócio. "Odeio clientes, porque eles têm escolha e eles podem ir para outro lugar", explica.
Dickinson ainda comparou empreendedores com peixes e tubarões. "O mundo dos negócios é igual à vida no oceano. Peixe tem guelras, eles conseguem ficar na água e respirar tranquilamente, nadando sem pressa. Tubarões, por outro lado, não tem guelras, eles precisam se mover, do contrário eles se afogam. Quanto mais se mexem, maiores ficam e precisam comer. O que eles comem?", questiona.
"O peixe, que estava lá parado. Esse é o mundo dos negócios, quer você goste ou não. Se você ficar parado, alguém vai te comer", afirma.
Para não ser engolido pela concorrência, Bruce acredita que é preciso criar valor para o que você está oferecendo, seja uma ideia, serviço ou um produto. Segundo o palestrante, trata-se de apresentar algo "único e especial" e poder dizer "eu criei isso".
Ao criar valor, ainda de acordo com o palestrante, você passa a vender não mais um item, mas está vendendo relacionamento, o que gera confiança.
Para ilustrar, Dickinson deu o exemplo de um um cliente que, ao comprar um carro e dirigir com ele pela primeira vez, perdeu uma porta.
"A fabricante provavelmente vai oferecer um carro novo, mas o consumidor não vai mais querer aquele modelo. Ele vai pensar 'O que vai cair da próxima vez? O motor?'".
Exemplo maior disso é, segundo Bruce, a Apple. "Quando começaram, tinham mais do que fãs. Era uma religião. Você não comprava um Mac, se juntava ao culto".
Segurando uma almofada da poltrona do palco, o vocalista do Iron Maiden lembrou como era ter um Mac no começo e o burburinho que isso causava. "As pessoas passavam, viam o Mac naquele estojo bonito e perguntavam 'Isso é umMac?' e eu respondia: 'Você quer carregar?'", conta.
Mas como lembra Dickinson, muitos impérios acabam ou perdem força.
A própria Apple tem disputado fãs cada vez mais com a Samsung, principalmente quando não agrada com uma novidade, como o design ou um aplicativo que não deu certo (vide Apple Maps).
Muito se fala em pensar fora da caixa. Mas nem sempre isso presume algo novo. Usando novamente o telão, Dickinson mostrou um modelo antigo de celular da Nokia, conhecido aqui como o famoso "tijolão".
Ele lembrou como as pessoas reclamam da bateria de smartphones hoje em dia e que modelos como aquele são vistos até agora como "o melhor telefone". Contudo, ninguém oferece algo similar.
"As pessoas não mudam, só os smartphones", explica. Segundo o palestrante, nossas mudanças são muito mais lentas do que um modelo de smartphone, principalmente quando elas se referem às nossas vontades.
Outros exemplos de empreendedorismo "fora da caixa" foram dados usando a banda de Bruce, o Iron Maiden.
Desses, o que sem dúvidas merece mais destaque é a Trooper, cerveja criada pensando nas pessoas que gostam do Iron Maiden, mas veem shows de casa, pelo YouTube e baixam música ilegalmente.
Segundo Bruce, a maioria deste público consome cerveja quando faz essas atividades, o que, querendo ou não, ajuda a gerar conversação sobre a banda, mesmo indiretamente.
Bruce também questionou o jeito como a indústria fonográfica lida com downloads ilegais de músicas.
No início dos anos 2000, o próprio Iron Maiden achava que o certo era prender seus fãs por "roubar suas músicas".
Atualmente, a banda prefere aproveitar o revés de baixas nas vendas de discos de outra forma. Exemplo disso é a recente parceria com a MusicMetric, empresa que ficou responsável por levantar estatísticas de países com maior número de downloads ilegais de músicas do Iron Maiden.
Com base nisso, a banda escolheu os locais de sua turnê.
Dickinson também falou diversas vezes da importância da imaginação, que é geralmente esquecida e substituída por um diploma ou outro papel simbólico.
"Conhecimento sem imaginação não é nada", opinou. Para encerrar, Bruce incentivou os campuseiros a anotarem suas ideias quando forem picados pelo "mosquito da criatividade".