Fluxo de Caixa - Guia definitivo para o controle de caixa da sua empresa

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21 de setembro de 2015
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Sabe que precisa melhorar os números do negócio, mas não sabe por onde começar?

Comece pelo Fluxo de Caixa — o seu braço direito na empresa.

Esta ferramenta te ajuda a analisar e projetar seus números, te guia para tomar melhores decisões e mostra os melhores caminhos para aumentar o lucro!

Descubra como montar um fluxo de caixa perfeito e porque você foi enganado(a) sobre fluxo de caixa até agora.

Aviso aos Contabilistas, Administradores, Acadêmicos e afins

A informação deste post não está nos livros de contabilidade e administração.

Na realidade, se você é um acadêmico de alguma dessas áreas ou quem sabe trabalhe numa grande empresa, você irá fazer críticas a este artigo.

Porém, este artigo é para empresários e pessoas que administram as finanças de uma pequena empresa.

Ou seja, a lógica contábil está adaptada para ser plena e facilmente aplicável a qualquer empresa.

O que é Fluxo de Caixa?

O Relatório de Fluxo de Caixa é um demonstrativo que vai mostrar a relação de entradas e saídas de dinheiro num determinado período.

Este relatório pode apresentar tanto a situação passada - o que aconteceu no último mês, ou trimestre, ou no ano inteiro - como pode apresentar uma situação prevista futura - a relação do que você tem a pagar e a receber.

A partir deste relatório, você irá conseguir enxergar exatamente o que está acontecendo com o seu negócio e a partir daí tomar as decisões necessárias em busca de maior crescimento e lucratividade em seu negócio.

Você está sendo enganado(a)

Quando se procura por Fluxo de Caixa na internet, você acha informações relevantes sim, porém muitos sites enganam você: eles simplificam o fluxo de caixa de uma forma que faz perder todo o seu potencial e, na prática, não ajuda a tomar boas decisões!

Veja 3 modelos disponíveis de fluxo de caixa que se encontra por aí:

Num primeiro momento, parece não ter nada errado. Estes modelos até funcionam, mas eles não utilizam a divisão correta das contas.

O fluxo de caixa pode ser muitooo melhor que isso!

Como montar o Fluxo de Caixa perfeito?

Para montar o Fluxo de Caixa perfeito, teremos que seguir dois grandes passos: 1) estruturar o Fluxo de Caixa da maneira correta e 2) analisar os números.

Passo 1) Estruturar o Fluxo de Caixa

IMPORTANTE: todas as motivimetações do seu fluxo de caixa, independente da categoria, precisa se basear no Princípio de Caixa.

Ou seja, você irá contabilizar a movimentação financeira de acordo com a data que ela efetivamente aconteceu. Por exemplo, se você recebeu uma parcela hoje, o valor desta parcela é contabilizado na data de hoje, independente de quando a venda aconteceu.

Nesta estrutura, teremos 2 fontes de entrada de dinheiro, 4 fontes de saída e 4 contas de resultado (que é a diferença entre os tipos de conta).

Receitas / Entradas

Obviamente o seu fluxo de caixa vai começar pelas Receitas, ou seja, pelas Entradas de dinheiro.

Aqui você pode discriminar suas receitas de duas maneiras diferentes:

1 – Por Categoria de Receita

Este é o modelo ideal. Você consegue detalhar cada centavo que entrou por tipo de receita. A imagem abaixo apresenta um exemplo de um hotel – vamos chama-lo de Hotel Babilu (baseado num caso real):

*todos os valores apresentados no fluxo de caixa são anuais.

Ali conseguimos ver exatamente quanto entrou com hospedagem, quanto entrou com alimentos e bebidas e ainda com outros tipos de receitas (estacionamento, lavanderia, eventos, etc.).

No exemplo acima as “Deduções da Receita” seriam essencialmente devoluções de dinheiro (raramente esta conta é utilizada).

2 – Por Tipo de Recebimento

Este formato não é tão interessante, mas as vezes não há como fugir. Empresas que trabalham muito com cartão de débito e crédito, terão uma dificuldade maior de categorizar as receitas conforme o modelo anterior, justamente porque numa única venda poderá haver itens de várias categorias diferentes – ex.: um mercado que vende arroz, carne, produto de limpeza, roupa, etc.

Assim, se a empresa não tiver um sistema que já faça esta separação automaticamente, você precisará seguir um modelo parecido com o exemplo abaixo, de uma lanchonete:

* Valores anuais

Neste exemplo a empresa está categorizando conforme os tipos de venda, se em dinheiro em débito, crédito, etc.

Na pior da pior da piooor das hipóteses, você irá simplificar tudo e jogar apenas como “Receita de Vendas” sem nenhum tipo de discriminação. Não é o mais correto, mas também funciona.

(-) Custos Variáveis

O próximo item do Fluxo de Caixa são os Custos Variáveis.

Custo variável é todo gasto que está diretamente relacionado ao seu produto ou serviço. Quanto mais você vende, maiores são seus custos variáveis. Quanto menos você vende, menores são os custos variáveis.

Assim, as receitas e os custos variáveis mantém uma proporção entre si.

No caso do Hotel Babilu, por exemplo, os custos variáveis são os impostos sobre nota fiscal, taxas de cartão de crédito/débito, os amenities (sabia que os cosméticos (shampoo, sabonete, etc.) disponibilizados pelos hotéis chamam-se amenities?), lavanderia, comissões de venda, etc. etc.

Numa lanchonete, os custos variáveis são, além dos impostos e taxas de cartão, todos os custos com fornecedores, fretes, etc.

Veja abaixo como ficaria nosso fluxo de caixa até aqui:

No exemplo acima já é possível fazer a leitura que dos mais de 2,1 milhões que a empresa faturou, mais de 600 mil foram embora só para pagar os custos variáveis da empresa.

Atente-se que acima está apenas uma versão resumida de cada item do fluxo de caixa. Para cada um dos itens, você precisa fazer uma abertura com as respectivas categorias de contas, como no exemplo abaixo:

Se desejar, veja este rápido vídeo onde explico a diferença entre Custos Variáveis e Despesas Fixas (item que já veremos):


Depois dos Custos Variáveis, o próximo item do Fluxo de Caixa é a Margem de Contribuição.

= Margem de Contribuição

margem de contribuição
Margem de quem?

Talvez este termo seja novo para você, mas é um dos conceitos mais importantes do nosso Fluxo de Caixa

A Margem de Contribuição é o valor que sobra das vendas para pagar as despesas fixas e investimentos. Ou seja, a Margem de Contribuição são as Receitas menos os Custos Variáveis.

Na contabilidade também pode ser conhecido como Lucro Bruto.

Veja como fica a Margem de Contribuição no Fluxo de Caixa:

A leitura é mais ou menos essa: você pensa que tem 2 milhões na mão, mas na prática você tem menos de 1 milhão e meio e ainda tem que pagar todas as despesas fixas da empresa.

A margem de contribuição é um indicador mais importante que o próprio faturamento!

Na realidade, o faturamento é o indicador menos importante do seu negócio (veja um vídeo explicando melhor sobre isso). O faturamento pode lhe enganar sem você perceber. Muitas vezes o faturamento da empresa á bastante alto, porém a margem de contribuição é baixa, ou seja, a empresa tem custos variáveis proporcionalmente altos.

O exemplo real abaixo, de uma lanchonete, ilustra muito bem esta situação:

Dos mais de 300 mil reais que entraram na conta, sobrou 61 mil para pagar as despesas fixas.

Você se lembra que eu falei no início desse blog daquela sensação horrível de ser apenas um “repassador” de dinheiro? Se você tem uma margem de contribuição percentualmente pequena, provavelmente seus fornecedores estão dando a maior mordida no seu bolo de dinheiro.

Portanto, seu fluxo de caixa PRECISA ter a métrica da Margem de Contribuição. Agora lhe desafio: volte ao início do post e procure a margem de contribuição em algum daqueles fluxos de caixa... (mas, na real, nem perca seu tempo)

Ah, e além de tudo isso, a Margem de Contribuição é essencial para calcular o Ponto de Equilíbrio (veja aqui como calcular o ponto de equilíbrio) do seu negócio.

Depois de visualizar o quanto sobrou de suas receitas para pagar as demais contas, está na hora de pagar as demais contas. A primeira delas são as Despesas Fixas.

(-) Despesas Fixas

As Despesas Fixas (ou Custos Fixos) são os gastos relacionados à estrutura da sua empresa. As despesas fixas são “fixas” porque faça chuva ou faça sol, elas sempre estarão presentes.

Atenção: as despesas fixas não são contas que sempre são o mesmo valor. Não. São contas que irão existir de uma forma ou de outra. Ao contrário dos custos variáveis, as despesas fixas NÃO são proporcionais ao faturamento.

Exemplo de despesas fixas: luz, água, telefone, contador, aluguel, tarifa bancária, pró-labore, salários, cartório, etc.

Num hotel, por exemplo, a maior parte das despesas será com pessoal. Já numa lanchonete haverá um grande valor relacionado ao aluguel do espaço.

Observe a estrutura base das Despesas Fixas de nosso exemplo, o Hotel Babilu:

Perceba que nosso Fluxo de Caixa está ficando cada vez maior. Aqui nós percebemos que dos quase 1,5 milhão da margem de contribuição, mais de um milhão foram embora para pagar as despesas fixas. Do montante total das despesas fixas, observe que uma grandiosa parte é de Despesas com Pessoal

Lembre-se que acima está apenas uma versão resumida. Na prática, cada uma das contas terá N subcontas detalhando os valores, como abaixo:


Revisão Rápida

Até aqui em nossa estrutura de Fluxo de Caixa já ficou claro o Faturamento total da empresa; o quanto desse faturamento total foi para pagar os Custos Variáveis; e por consequência quanto sobrou de Margem de Contribuição para pagar as demais contas. Por fim, até aqui, do valor que sobrou como Margem de Contribuição, quanto foi pago de Despesa Fixa.


= Lucro Operacional Antes dos Investimentos (LOAI)

Dificilmente você vai encontrar este conceito por aí, mas ele é extremamente relevante para uma boa análise de fluxo de caixa.

O Lucro Operacional Antes dos Investimentos (LOAI) nada mais é do que a Margem de Contribuição menos as Despesas Fixas.

Ele vai lhe dizer o quanto sua empresa lucrou na operação essencial do seu negócio . Ou seja, ele vai dizer se sua empresa é boa ou não.

Veja o exemplo de nosso querido Hotel Babilu:

O LOAI do hotel foi de 456.297,50 (valor da margem de contribuição menos a despesa fixa). Ou seja, de tuuuudo que a empresa faturou (mais de dois milhões de reais) sobrou como lucro pouco mais de 456 mil.

Este saldo SEMPRE DEVE SER POSITIVO!

Se o LOAI do seu negócio for negativo, significa que você simplesmente não está pagando as contas básicas do seu negócio.

Lembra da lanchonete que vimos acima? Veja a estrutura do seu fluxo de caixa até o momento:

As Despesas Fixas desta lanchonete foram superiores à margem de contribuição, logo a empresa teve um prejuízo operacional de mais de 15 mil reais!

E o pior: ainda temos mais contas para pagar!

Novamente: o Lucro Operacional Antes dos Investimentos vai lhe mostrar se o cerne da operação do seu negócio está dando lucro ou prejuízo. Porém, ainda não acabou. Se existe um lucro “antes dos investimentos, por consequência, existem os “investimentos”.


(-) Investimentos

Investimentos são os gastos que não fazem parte do dia a dia da empresa e sobre o qual pretende-se ter algum retorno a curto, médio ou longo prazo.

Ou seja, é um investimento - dã

São exemplos de contas categorizadas como investimentos: compra de maquinário, compra de novo software, contratação de consultoria (se for consultoria financeira, que seja da 4blue ^^), capacitações e treinamentos, aumento de estrutura, etc.

A lógica é: de tudo que sua empresa faturou sobrou algum dinheiro (o LOAI) e deste dinheiro você investiu uma parte no próprio negócio.

Veja como fica o Fluxo de Caixa do Hotel Babilu com os Investimentos:

No hotel, dos mais de 450 mil reais de LOAI (Lucro Operacional Antes dos Investimentos), cerca de 36 mil foram investidos em marketing, bens materiais e desenvolvimento empresarial (consultorias, treinamentos, etc.).

Bom, se temos um lucro antes dos investimentos, por consequência teremos um lucro depois dos investimentos.

= Lucro Operacional

O cálculo do Lucro Operacional (ou Lucro Operacional Depois dos Investimentos) é bastante óbvio: é o LOAI menos os Investimentos.

Esta métrica vai dizer se a operação do seu negócio é rentável ou não.

Ou seja, aqui você já recebeu seu dinheiro dos clientes, já pagou todos os custos variáveis, todas as despesas fixas e todos os investimentos. O que sobrar é o seu Lucro Operacional.

Veja o exemplo do nosso hotel:

Neste hotel, dos mais de dois milhões de reais que entraram (faturamento), sobrou operacionalmente cerca de 420 mil reais.

Isto significa que, sim, o hotel conseguiu pagar todas as contas operacionais e ter lucro!!!

Mas calma lá que ainda não acabou...


Revisão Rápida

Em nosso fluxo de caixa analisamos o quanto a empresa faturou e o quanto veio embutido de custos variáveis, logo quanto foi a Margem de Contribuição – que é mais importante que o próprio faturamento em si.

Então, avaliamos o quanto foi gasto com despesas fixas, logo, o total de nosso Lucro Operacional Antes dos Investimentos (LOAI).

Por fim, avaliamos o quanto foi investido e qual nosso Lucro Operacional.


CALMA  LÁ JOVEM!

Antes de você sair anunciando seu grau de Empresário do Ano, atente-se a frase que escrevi acima:

“Isto significa que, sim, o hotel conseguiu pagar todas as contas operacionais e ter lucro!!!”

Operacionais. Toda empresa tem contas operacionais (a maior parte) e contas Não Operacionais também para pagar.

Isto é: ainda temos outras continhas para serem pagas!

(+ ou -) Movimentações Não Operacionais

As Movimentações Não Operacionais podem ser entradas ou saídas que não fazem parte da operação da empresa. Ou seja, é um dinheiro que entrou ou que saiu, mas que não tem haver com o cerne do negócio.

Exemplos de entradas não operacionais: capitalização dos sócios, captação de empréstimos, recebimento de investimentos.

Exemplos de saídas não operacionais: pagamento de empréstimos, distribuição de lucros, pagamento de juros, etc.

O ponto é: muitas vezes seu negócio está redondinho operacionalmente, mas como há muitas saídas não operacionais, acaba que a empresa não tem lucro ou tem um lucro muito pequeno.

Por isso é importante deixar separado as contas não operacionais das demais.

Veja o detalhamento das entradas e saídas não operacionais do Hotel Babilu:

ÊPA!

Os números acima estão dizendo que dos 420 mil de lucro operacional, o hotel teve 386 mil de saídas não operacionais?!?!?!

 É isso mesmo... (e  lembre que este é um caso real!)

Muitas empresas saudáveis operacionalmente passam por maus momentos justamente por terem muitas despesas não operacionais para pagar. No exemplo acima do Hotel, além da Distribuição de Lucros, a empresa gastou 205 mil reais entre empréstimos, juros e multas!

Atenção: as movimentações operacionais irão alertar a situação oposta também. Muitas vezes você pensa que seu negócio está bem, mas na realidade ele só tem dinheiro porque houve muitas entradas não operacionais, ou seja, o sócio ou o banco colocaram dinheiro dentro da empresa.

Agora sim, só nos basta analisar o Resultado Líquido...

= Resultado Líquido

Agora acabou!!! O resultado líquido representa a diferença entre todo o dinheiro que entrou no negócio e todo o dinheiro que saiu do negócio.

O Fluxo de Caixa completo vai ficar assim:

De toooodo o dinheiro do mundo que entrou no negócio (R$ 2,1 mi) sobrou módicos 34 mil! Dureza ein... você trabalha, trabalha, trabalha, e sobra apenas 1,6% do faturamento...

É por isso que em nosso curso Gestão Financeira Lucrativa (GFL) nós dizemos várias vezes que o faturamento da empresa não quer dizer nada.

Com este fluxo de caixa conseguimos avaliar perfeitamente o que está certo e o que está errado com o negócio. No exemplo do Hotel Babilu, operacionalmente a empresa vai bem, obrigado. Porém, a quantidade excessiva de saídas não operacionais está detonando todo o caixa do negócio. Sim, a empresa tem lucro, mas é um lucro absurdamente ridículo se comparado com o faturamento da empresa (mais especificamente: sobre de lucro apenas 1,6% de todo o faturamento).

E a lanchonete?

Em alguns momentos mostrei o exemplo de uma Lanchonete. Para ninguém ficar triste, vou apresentar o fluxo de caixa completo da empresa também:

A lanchonete está numa situação ainda pior que o Hotel. Apesar de quase não ter Saídas Não Operacionais, a lanchonete teve Prejuízo Operacional. Ou seja, a operação do negócio simplesmente não está dando dinheiro.

A empresa está quase que literalmente queimando dinheiro!

RESUMINDO A ESTRUTURA

Antes de falar um pouco sobre como analisar o fluxo de caixa, relembremos a sua estrutura correta:

  • Receita
  • - Custos Variáveis
  • = Margem de Contribuição
  • - Despesas Fixas
  • = Lucro Operacional Antes dos Investimentos
  • - Investimentos
  • = Lucro Operacional
  • +ou- Movimentações Não Operacionais
  • = Resultado Líquido 

Quer criar e analisar o fluxo de caixa da forma CORRETA?

Estamos disponibilizando gratuitamente um modelo de fluxo de caixa em Excel que lhe economizará algumas horas pensando em como criar o fluxo de caixa ideal.

Acesse agora mesmo!


Passo 02 - Análise do Fluxo de Caixa

Não basta ter a estrutura correta, precisa analisar!

No início deste artigo eu escrevi que o objetivo do fluxo de caixa é “tomar melhores decisões”. Pois bem, para tomar uma decisão melhor, você precisa analisar o fluxo de caixa.

Melhorando a visualização do seu Fluxo de Caixa

Na versão super resumida do fluxo de caixa (apenas com os macro tópicos, como mostrei acima) o fluxo de caixa já tem umas 30 linhas. Na versão completa, facilmente seu fluxo de caixa vai ter suas 150 linhas. Logo, é muito informação para analisar.

Portanto, primeiro precisamos facilitar nossa vida.

Como?

Percentuais das Contas

Geralmente os relatórios financeiros já têm isto: uma coluna adicional mostrando o percentual de cada conta em relação ao faturamento total.

O ponto é: é muito mais fácil olhar a informações por meio de percentuais do que por meio dos valores totais.

Por exemplo: eu dizer que minha empresa tem um custo variável médio de 20 mil reais não quer dizer muita coisa. Mas eu dizer que minha empresa tem um custo variável médio de 35% das receitas é uma informação muito mais completa e fácil de analisar.

Veja como ficaria o fluxo de caixa com os percentuais:

Observe que fica fácil de analisarmos que de todo o meu faturamento, 30% foi para pagar Custos Variáveis. E que minha Despesa com Pessoal representou 33% de toda a minha receita. E que apesar do meu Lucro Operacional ter sido de 20%, meu Resultado Líquido foi de apenas 2%.

Análise Vertical. O nome técnico para este percentual é Análise Vertical, ou seja, você está analisando seu fluxo de caixa verticalmente – sempre analisando qual o percentual que cada conta representa de seu faturamento total.

Portanto, quando algum consultor metido a besta, tipo eu, vier te impressionar com uma “Análise Vertical”, você já sabe o que é! ^^

Comparação entre Períodos

A periodicidade do Fluxo de caixa vai caber a você definir. Pode ser diário, semanal, quinzenal  ou mensal. O mais comum é que se analise o relatório do fluxo de caixa mensalmente.

Independente do período, você deve entender que o Fluxo de Caixa não deve ser visto como uma fotografia, mas sim como um filme.

Se você analisar apenas esta foto acima, parece que o Anderson Silva está muito tranquilo e com a luta na mão. Porém, quando você assiste o filme inteiro você percebe que não foi bem isso que aconteceu...

Isto quer dizer que você não poder analisar um único mês do seu Fluxo de Caixa, você sempre tem que comparar este mês com outros períodos, fazer análises semestrais, anuais, etc.

Portanto, além de analisar a representatividade de cada conta dentro do mês, devemos analisar a evolução destas contas de um mês para outro. Em outras palavras: quanto cada conta aumentou ou diminuiu no período.

Visualize como ficariam dois períodos (dois dias, dois meses, dois anos...) da primeira parte do fluxo de caixa:

Agora temos um segundo mês e uma segunda coluna de percentual “A.H.” – Análise Horizontal.

Análise Horizontal é o quanto cada conta evoluiu de um período para o outro. Ali, por exemplo, está dizendo que do mês um para o mês dois a Receita de Vendas subiu 2%.

Observe, também, que o mês 2 tem sua própria Análise Vertical.


Resumindo

Análise Vertical e Análise Horizontal

Análise Vertical vai dizer a representatividade de cada conta em relação ao faturamento – sempre dentro do próprio período. Ex.: minhas despesas fixas consumiram 33% do faturamento total.

Análise Horizontal vai dizer o quanto cada conta aumentou ou diminuiu de um período para outro. Ex.: minhas despesas fixas aumentaram em 2% em relação ao mês anterior.


Veja como ficaria o Fluxo de Caixa completo com dois meses:

Oi?

Ok, ok, parece confuso numa primeira olhada. Ninguém disse que seria mamão com açúcar.

Talvez seja por isso que a maioria dos fluxos de caixa que tentam lhe ensinar sejam errados – porque o simplista é mais fácil. Porém este mais fácil te leva para o lado errado.

Quando você for analisar seu fluxo de caixa, você irá seguir, basicamente, 5 passos...

[O curso de Gestão Financeira Lucrativa te faz entender tudo isso maravilhosamente bem ^^]

Como analisar o seu Fluxo de Caixa em 5 passos

A análise mais detalhada do Fluxo de Caixa merece um post só para si, mas aqui vou dar um geral.

São 5 passos base para analisar o fluxo de caixa de sua empresa são:

1 - Olhar os números gerais (receita total, custos variáveis, despesas fixas, etc.)

Você irá fazer uma primeira análise geral dos macro números, desde as Receitas até o Resultado Líquido Final.

Este primeiro olhar te dá a visão geral do que aconteceu no período - seja um mês, um bimestre, semestre, etc.

2 - Verificar se os percentuais (A.V. – Análise Vertical e A.H. – Análise Horizontal) estão dentro da média adequada

Ainda olhando as macro contas, você vai olhar para os percentuais, ao invés de apenas para os números inteiros.  Aqui você dará uma atenção especial para a margem de contribuição, lucro operacional e resultado líquido.

A lógica é: os números deste mês estão dentro da média esperada? Há alguma conta que subiu ou caiu significativamente?

3 - Verificar se as sub contas (3.1, 3.2, 4.1, 4.2...) estão “nos conformes”

Depois de olhar as macro contas, você vai olhar um pouco mais focado. No Hotel, por exemplo, além de analisar o Custo Variável total, você irá olhar para os custos tributários, para os custos com hospedagem, com alimentos e bebidas, etc.

A análise é a mesma que acima: os números deste mês estão dentro da média esperada? Há alguma conta que subiu ou caiu significativamente?

4- Identificar se existem contas anormais e verificar nos lançamentos qual a
ocorrência

Eventualmente você irá perceber que alguma conta está alta demais ou baixa demais. Nestes casos, você vai recorrer ao seu controle financeiro e verificar se há algum erro de lançamento (pode ter-se cadastrado na categoria errada, ou mesmo o valor errado).

Se não houver nenhum erro de lançamento, então você terá que agir sobre esta conta, se for o caso.

5 - Gerar suas conclusões sobre o Fluxo de Caixa PARTIR PARA A AÇÃO!

A partir de sua análise, você terá algumas conclusões. Pode ser simplesmente que está tudo bem e precisamos manter ou então que as despesa fixas fugiram do controle ou quem sabe que o faturamento caiu demais.

O ponto é: TODO SANTO MÊS você precisa olhar o seu fluxo de caixa. A cada trimestre, com a média destes três meses, você vai olhar com mais atenção ainda.

E o mais importante de tudo: você precisa agir! Buscar um fornecedor mais barato, cortar despesas desnecessárias, aumentar as vendas, etc. etc.

Se quiser mais uma análise, veja nosso post "Fluxo de Caixa Avançado para pequenos empresários: 2 números cruciais para analisar".

Simulações – Brincando com o Fluxo de Caixa

Mais do que analisar o que aconteceu, você deve usar seu Fluxo de Caixa para simular cenários futuros.

E se minhas receitas aumentarem?

E se eu diminuir os custos variáveis?

E se eu terceirizar algum serviço?

Esse, e se, e se...?

Você pode, por exemplo, simular o impacto de um aumento de 10% no seu faturamento. O que acontecerá com o seu lucro se o faturamento aumentar?

Em contrapartida, você pode simular uma diminuição de 10% na despesa fixa. O que acontecerá com o seu lucro se a despesa fixa diminuir?

Talvez você perceba que diminuir a despesa fixa impacta mais o lucro do que aumentar o faturamento – acredite, isto é plenamente possível. Logo, você irá se focar em diminuir as despesas fixas.

Ao brincar com os números, você irá chegar num cenário ideal para o seu negócio. Este cenário ideal será sua nova meta a alcançar.

Quem tem metas claras, trabalha melhor!

CONCLUSÃO E RESUMÃO

O relatório de fluxo de caixa será seu braço direito se você utilizá-lo corretamente. Você irá visualizar claramente se o problema do negócio está nas vendas, ou nos custos variáveis, nas despesas fixas, nos investimentos ou quem sabe nas saídas não operacionais.

O fluxo de caixa é uma ferramenta e como toda ferramenta, precisa ser usada para funcionar. Logo, já a partir deste mês, que tal você montar a estrutura correta do fluxo de caixa do seu negócio e passar a fazer as análises corretamente?!

Lembre: o objetivo financeiro de qualquer empresa é lucrar. Um bom Fluxo de Caixa irá mostrar os melhores caminhos para aumentar os lucros do seu negócio.

Resumindo em tópicos tudo o que aprendemos:

> O relatório de fluxo de caixa irá resumir todo o dinheiro que entrou ou saiu do seu negócio – assim como pode ser usado para projetar previsões de entradas e saídas futuras de dinheiro

> O Fluxo de Caixa trabalha com o princípio de caixa, ou seja, tudo o que efetivamente entrou e saiu de dinheiro deve estar contabilizado

> O Fluxo de Caixa perfeito PRECISA ter a seguinte estrutura:

> Melhor do que olhar apenas os números brutos, será mais fácil  olhar os percentuais. A Análise Vertical diz o quanto cada conta representa do total do seu faturamento. A Análise Horizontal diz o quanto cada conta evoluiu de um período para o outro.

> Comece analisando os números da forma mais geral (olhando os macro números) e passe a analisar mais detalhadamente cada tipo de conta. Anormalidades no fluxo de caixa devem ser investigadas

> Brinque com os números. Simule aumentos/diminuições nas entradas e saídas de dinheiro. Ao brincar com os números você conseguirá traçar metas a serem alcançadas.

E por fim, lucre, lucre muito, lucre mais!

Escrito por
4blue
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