Se você tem um negócio (ou vai montar um), existe um grande objetivo financeiro: gerar lucro.
Cada empresa tem seu propósito, sua missão e sua contribuição para a sociedade. Mas quando se fala dos aspectos financeiros, não há outro indicador mais importante. Ou você gera lucro ou sua empresa não vai dar certo.
Portanto, neste artigo a equipe da 4blue vai dissecar a temática lucro para pequenas empresas.
Aqui vale um alerta: este post não tem fins acadêmicos, mas sim fins práticos. Ou seja, não estamos escrevendo para quem quer fazer uma prova, mas sim para empreendedores que estão no campo de batalha e precisam de informações práticas e sem academicismos. Ok? 😉
O que é lucro?
De forma simples, o lucro é a diferença entre todas as receitas (de um negócio ou de um projeto) e todos os gastos envolvidos para esta operação funcionar.
Assim, o lucro é a métrica financeiro do sucesso da sua empresa.
O lucro da empresa serve para:
> Criar reservas financeiras e dar mais segurança para o negócio
> Permitir novos investimentos para que a empresa continue crescendo
> Remunerar melhor os sócios
> Remunerar melhor os colaboradores através da divisão de lucros, como uma forma de bonificação
Na prática este é o indicador financeiro mais importante do seu negócio.
Se você não acompanha o lucro do seu negócio de perto, você está cometendo um erro grave em sua empresa!
Abaixo mostraremos como calcula-lo, qual a lucratividade ideal, erros que os empresários cometem e outra cositas más 😉
Como calcular o lucro do seu negócio
Apesar do conceito ser simples, o cálculo pode esconder algumas armadilhas.
Não é raro encontrarmos empresários calculando de forma errada e obtendo prejuízos no negócio sem perceber.
Quando falamos de “lucro”, o que vem a cabeça é a diferença entre todas as receitas e todos os gastos. Este é o lucro líquido.
Mas há outros indicadores que são importantes de se conhecer.
> O Lucro do produto/serviço (margem de contribuição)
> O Lucro Operacional Antes dos Investimentos
> O Lucro Operacional
> E o Lucro Líquido
Nós escrevemos um artigo mais completo sobre como calcular o lucro. Neste artigo detalharemos melhor todos esses itens. Confere aqui.
Por aqui vamos trabalhar mais o conceito de Lucro Líquido. O LL é a diferença entre todas as receitas e todos os gastos da empresa.
De forma simplificada, calcula-se assim:
+ Receitas
– Custos Tributários
– Custos Fornecedores / Mercadorias
– Taxas de pagamento (ex.: cartão crédito)
– Despesas Administrativas
– Despesas com pessoal
– Outras despesas fixas
– Investimentos (marketing, infraestrutura, consultorias, etc.)
– Empréstimos e juros
= Resultado Líquido
Observe que calcular o lucro do negócio é uma conta simples, mas ao mesmo tempo que envolve diversos números.
Por isso ter um bom controle financeiro atualizado é essencial para o negócio.
Basta esquecer um numerozinho e sua análise já estará errada!!
Lucratividade: o que é e como calcular
A Lucratividade do negócio é a proporção do Lucro em relação a Receita da empresa. Ou seja, de todo o faturamento, quantos % sobrou como lucro.
O cálculo é simples:
Lucratividade = Lucro Líquido / Receita
(lucro líquido divididos pelo receita)
Este indicador ajuda a entender como está o seu negócio em termos comparativos, tanto com a sua própria empresa, quanto em relação a outros negócios.
Explico:
Você pode fazer uma análise de que o lucro líquido do ano passado foi de R$ 50.000, enquanto o resultado deste ano fechou em R$ 80.000.
Isso significa que um aumento de 60% de um ano para o outro (fórmula: 80.000 / 50.000 -1).
Mas e a lucratividade?
Imagine que no ano passado a empresa faturou 300.000, enquanto neste ano o faturamento foi de 800.000.
Isso significa que a lucratividade do ano 01 foi de 16% (50 mil de lucro divididos por 300 mil de faturamento); enquanto a lucratividade do ano 02 foi de 10% (80 mil divididos por 800 mil de faturamento).
Percebeu que apesar de o lucro ter aumentado, a lucratividade diminuiu? Ou seja, a eficiência da empresa piorou.
Assim, o indicador da lucratividade ajuda você a comprar a eficiência do seu negócio no momento atual versus um momento passado.
Ao mesmo tempo, você pode analisar seu negócio em relação ao negócio de terceiros. Se sua lucratividade atual é de 10% enquanto a média do seu setor é de 15%, significa que você está sendo menos eficiente que a média.
Explicamos mais sobre lucratividade neste post aqui.
Lucratividade e Rentabilidade. Qual a diferença?
Expliquei acima o que é a Lucratividade. Este conceito as vezes é confundido com Rentabilidade.
Lucratividade e Rentabilidade são conceitos que tem relação com o lucro do negócio, mas que na prática são bem diferentes.
A Lucratividade mostra o quanto sua empresa lucrou em relação ao quanto faturou.
A Rentabilidade mostra o quanto sua empresa está recuperando de um investimento feito.
Da mesma forma que a Lucratividade, a Rentabilidade é calculada por uma fórmula.
Fórmula da rentabilidade:
Rentabilidade = (Lucro / Investimento) x 100
(Rentabilidade é igual ao lucro divididos pelo investimento vezes 100)
Imagine que um determinado negócio teve um Lucro de R$ 80.000 no ano. E o Investimento inicial para começar o negócio foi de R$ 200.000.
Com isso você consegue calcular a Rentabilidade:
Rentabilidade = (80.000 / 200.000) x 100
Rentabilidade = 40%
Isso significa que neste determinado ano a empresa recuperou 40% do seu investimento inicial.
Existem algumas análises importantes a se fazer da Lucratividade e Rentabilidade do seu negócio. Recomendo que leia nosso artigo completo sobre o assunto (clica aqui).
Lucro na DRE vs Lucro no Fluxo de Caixa
Possivelmente você já ouviu falar nesses dois termos: DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) e Fluxo de Caixa.
DRE e Fluxo de Caixa são relatórios financeiros que ajudam a entender a realidade financeira da empresa. Apesar das semelhanças entre os dois, eles trabalham a partir de princípios diferentes.
A DRE cria-se a partir do Princípio da Competência, enquanto o Fluxo de Caixa a partir do Princípio de Caixa.
Essa diferença tem algumas implicações. Abordaremos elas em breve num artigo.
Na prática a principal diferença está na forma como as vendas e seus respectivos custos são tratados.
Na DRE, as vendas são contabilizadas no ato, independente da forma que você vai receber esse dinheiro.
No fluxo de caixa você contabiliza conforme entra o dinheiro.
Ou seja, se você fez uma venda de 1.000 parcelada em 4x, ficaria assim:
DRE: 1.000
Fluxo de Caixa: 250 | 250 | 250 | 250
(Na DRE a venda é contabilizada no mês em que ocorreu. No Fluxo de Caixa você dá a entrada conforme o dinheiro de fato entra na conta.)
Por causa dessas (e outras) diferenças o lucro da DRE e o lucro do Fluxo de Caixa tendem a apresentar números diferentes.
Para uma pequena empresa, se tiver que optar pela DRE OU pelo Fluxo de Caixa, escolha sempre o Fluxo de Caixa, pois ele representa a realidade nua e crua do seu dinheiro, ok?
Nós temos um post super completo sobre Fluxo de Caixa. Confere aqui!
Lucro Operacional: o que é e como calcular
Lucro Operacional é o quanto a operação da sua empresa está dando de lucro. Ou seja, considerando todas as entradas e receitas que fazem parte da operação, quanto está sobrando ou faltando.
Para ficar mais claro:
Itens que fazem parte da operação (que influenciam no resultado operacional) são aqueles que estão diretamente ligados ao negócio. Vendas dos produtos/serviços, impostos, custos das mercadorias, comissões, despesas administrativas, despesas com pessoal, investimentos em marketing, estrutura, em consultorias, etc.
Itens que não fazem parte da operação (não operacionais) são entradas com captação de empréstimos, capitalização dos sócios, vendas de equipamentos usados. Já saídas não operacionais são os pagamentos dos empréstimos, juros, assaltos (acontece =\), e a própria distribuição de lucros dos sócios.
Assim, de forma simplificada o Lucro Operacional calcula-se assim:
+ Receitas
– Custos Variáveis
– Despesas Fixas
– Investimentos
= Lucro Operacional
Portanto, o Lucro Operacional indica se o seu negócio está sendo viável ou não operacionalmente.
Já o Resultado Líquido (que abordamos lá em cima) vai considerar todas as movimentações, inclusive as entradas e saídas não operacionais.
Um negócio que persiste em ter um Resultado Operacional negativo (prejuízo operacional) está fadado ao fracasso.
Espero que você esteja acompanhando este indicador em seu negócio 😉
Qual a Margem de lucro ideal para seu negócio
Entendido o que é Lucro Operacional, podemos avançar para entender qual seria este número ideal.
Primeiro: não existe um número único e universal. Cada negócio tem suas particularidades, ok?
Aqui conseguimos dar uma noção geral da margem de lucro adequada por tipo de negócio.
Margem de Lucro para Serviços
Prestadores de serviços tem margens altas, mas geralmente uma capacidade de venda baixa. Como prestadores de serviços geralmente dependem de horas de trabalho, é um modelo que tende a ter dificuldades maiores para aumentar constantemente suas vendas.
Assim, as margens de lucro operacional idealmente variam entre 20% a 35%.
Margem de Lucro para Serviços com Comissão*
Alguns prestadores de serviços pagam comissão para colaboradores/parceiros. Exemplo: dentistas, cabeleireiros, nutricionistas, etc.
Assim, neste modelo de negócios as margens automaticamente são diminuídas (mas a capacidade de venda aumentada).
Então a margem de lucro operacional ideal vai estar muito próxima a de comércios, entre 10% a 20%.
Margem de Lucro para Comércio / Produtos
Comércios em geral tendem a ter margens de lucro menores que prestadores de serviços. O comércio tem um custo da mercadoria, enquanto o prestador de serviço muitas vezes tem apenas seu tempo trabalhado.
Em contraposição, comércios tendem a ter uma capacidade de venda maior que a de prestadores de serviços.
Assim, a margem de lucro interessante para comércios varia de 10% a 20%. Em casos de produtos com um bom valor agregado, estas margens podem ser até maiores.
Margem de Lucro para Indústria
Indústrias são as que tendem ter as menores margens de lucratividade.
Seguindo a lógica acima, a indústria tem altos custos, mas também tem uma grande capacidade de venda.
Enquanto o serviço tem margens altas e baixa escala, a indústria tem margens pequenas, mas uma alta escala.
Então a margem de lucro ideal para indústrias vai variar entre 5% e 10%.
Lucro zero: o Ponto de Equilíbrio
Falamos acima da margem ideal de lucratividade por tipo de negócio.
Porém, muitas empresas estão buscando para simplesmente não ter mais prejuízo.
Elas estão buscando atingir o Ponto de Equilíbrio Financeiro. O PE é o mínimo que a empresa precisa faturar para pagar todas as contas e não ter prejuízo.
Em outras palavras: quando a empresa atinge o Ponto de Equilíbrio ela não teve lucro, mas também não teve prejuízo. Ficou no zero a zero.
O PE é uma fórmula calculada assim:
PE = Gastos Fixos / % da Margem de Contribuição
(Ponto de Equilíbrio é igual aos Gastos Fixos divididos pelo percentual da Margem de Contribuição)
Este cálculo é de extrema importância para todos os negócios e lhe permite ter uma base mínima das metas a serem atingidas.
Neste post aqui nós explicamos detalhadamente como fazer esse cálculo do Ponto de Equilíbrio. Lá você poderá baixar gratuitamente uma planilha em Excel para auxiliar no cálculo.
Se sua empresa não está sendo lucrativa, o primeiro passo é chegar no zero a zero. Para tal você precisa ter a clareza desta meta a ser alcançada.
Distribuição de Lucros: quanto posso retirar?
A distribuição de lucros é o principal fator que faz um empresário se tornar rico.
Mas quanto devo retirar?
Será que devo retirar?
(neste post falamos sobre distribuição de lucros de forma mais profunda)
Basicamente você tem que avaliar em qual dos 3 níveis sua empresa está:
Nível 1: ou está muito iniciante ou praticamente não tem lucro. Neste caso, o melhor é não retirar nada.
Nível 2: empresa é lucrativa e tem reservas financeiras razoáveis. Aqui a maior parte dos lucros fica com o negócio, mas você já pode fazer uma distribuição entre os sócios. 30% do lucro é um número interessante.
Nível 3: empresa lucrativa e com ótimas reservas financeiras. Caso você não tenha grandes planos de expansão, você pode retirar a maior parte dos lucros para os sócios, mas sempre deixando uma parte para a empresa, ok?
A palavra chave na distribuição de lucros é: bom senso.
Falácia do lucro de 100%
Você já deve ter ouvido falar frases como “tenho 100% de lucro” ou então “fulano de 200% de lucro”.
Pois bem, apesar de bem intencionada, tecnicamente esta frase está incorreta.
É impossível uma empresa ter 100% de lucro. Esta é uma grande falácia.
A verdade é que estes “100%”, “200%”, etc. de lucro, referem-se a outro conceito: o mark-up (ou taxa de marcação).
O lucro sempre é calculado em cima do faturamento.
Então dizer que você tem 100% de lucro seria como dizer que sobrou (lucrou) tudo o que você vendeu. Isso é impossível.
Neste caso, o certo é dizer que você tem um mark-up de 100% ou 200% ou 345%. Aí tudo bem.
O mark-up (ou taxa de marcação) é a diferença que você aplica entre o preço de venda e o custo do produto. Se você tem um produto que te custa 50,00 e você o vende por 100,00, significa que seu mark-up é de 100%.
Se você quiser compreender mais profundamente, recomendo que leia nosso artigo: Você nunca teve e jamais terá 100% de lucro.
Não vejo o lucro: quando é hora de parar e fechar o negócio?
Quase metade das empresas fecham suas portas em menos de dois anos de existência.
Por vários motivos essas empresas acumularam prejuízos e foram obrigadas a fechar as portas.
Mas com saber se o negócio realmente não dá certo e é hora de fechar?
O segredo está no Lucro Operacional.
Se consistentemente a empresa não dá resultado operacional, o problema é grave. Ou seja, se mesmo excluindo da conta todos os juros e empréstimos pagos ainda assim o negócio não é positivo, significa que há algum problema operacional na empresa. Provavelmente será um misto de vendas ruins, margens baixas e despesas altas.
Cabe ao empreendedor entender quis resultados ele precisa alcançar para que a empresa fique positiva.
Se você avalia que está MUITO longe de alcançar tal resultado, possivelmente seja hora de dar um passo atrás e tentar vender ou fechar o negócio.
Você pode entender esta análise de forma mais profunda aqui.
Cultura de lucro. Sua empresa tem?
Tudo isso que abordamos neste post pode se resumir nestas poucas palavras: cultura de lucro.
Cultura de Lucro é você ter toda a empresa focada no lucro.
São os colaboradores entendendo a lógica financeira e comprometidos com o aumento das vendas e com a redução de custos.
São os sócios tratando o dinheiro da empresa como dinheiro da empresa e não como dinheiro pessoal.
Cultura de lucro é toda primeira semana do mês você estar com o financeiro fechado e analisando dos números, sempre procurando oportunidades de melhoria.
É a empresa gerando resultado positivo de forma consistente.
Toda empresa precisa ser lucrativa, ou seja, gastar menos do que recebe e vice-versa.
Uma boa gestão financeira é o que vai permitir o seu negócio ter o lucro desejado e assim lhe dar a liberdade que você gostaria.
Aqui resumimos um arsenal de conteúdo sobre lucro. Espero que tenha gostado =)
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Grande abraço!!
Renan Kaminski | criando empresas altamente lucrativas